O machimbombo do monhungo ou o paga já
Logo que arranjei este emprego deixei a pensão do meu amigo Vitorino, e mudei-me lá para cima para os bairros populares. Este era pois,o meu transporte diàriamente para o bairro Sarmento Rodrigues junto ao bairro popular um. O local, era muito ruidoso dado ficar a cerca de duzentos metros da embucadura norte da pista do aeroporto de Luanda a que chamaram, de Craveiro Lopes. Era um fardo diário, ter que fazer os cerca de doze kilómetros até casa. Saia do meu serviço ao fim da tarde, descia a Avenida dos Combatentes até ao Largo do Quinaxixe, não falhava lá estava o monhungueiro,há espera dos trabalhadores que o demandavam,o bilhete era taxa única quinze tostões assim como só tinha a porta de entrada pela frente. Em caso de incendio não sei como seria! O cobrador angolano dizia, e repetia paga já, paga já. Aquilo era entrar, até não caber mais, uma autêntica lata de sardinhas,o ambiente era sufucante, não só pelo calor ambiente, mas tambem, pelo forte cheiro a catinga no interior do autocarro eram as permissas de África. O branco tambem catingava, para nos agarrarmos tinhamos que agarrar o tubo que corria no tecto do mesmo ao longo de todo o seu comprimento. Olhando para a cova do meu braço via nitidamente o sedimento acumulado ao longo do dia nos pelos da mesma e que com a claridade tomavam a côr do vinho tinto e que engrossavam o pêlo em quatro ou cinco vezes mais, era dalí que emanava o odor. Agora vê o que é multiplicar esse odor pelos cerca de quarenta passageiros. Eu era o único europeu no meio da tribo e com o tempo passaram a considerar-me um deles. Era fantástico pois deferenciavam-me dizendo; entra branco,era como que um selo de garantia, como se me quizessem dizer entra que ninguém te faz mal branco. Percebes a nuance difusa do conceito!