drakemberg

A visão longinqua daquela muralha, que corre de norte para sul ao longo da Africa austral,e à  qual nunca cheguei.ficou-me a recordação.assemelha-se,À  escarpa da chela,Angola,que tem a seus pés o deserto da namibia, que contempla, há¡ milhões de anos numa estenção de cerca de 150 kilometros.

segunda-feira, fevereiro 28, 2005

O Pesadelo

S.Tome.jpg
Com o barulho dos motores em movimento;Rumrum rumrum rumrum,Trum,tum trum tum tum,e seguia-se uma forte vivração.E assim continuou,até que adormeci!Adormeci e tive um pesadelo,que deve ter durado o tempo que estive a dormir.A tarimba em que adormeci ,eram estrados de madeira que serviam para depôr a carga.Nesse pesadelo revi meu pai.Ajoujado de carregos,trabalhando cruelmente,ao calor à chuva,coberto com uma serapilheira.Nas mãos costumava besuntá-las com sêbo,e calçava meias velhas para as proteger do frio.Mesmo assim as gretas eram enormes.Foi um escravo da era moderna.Já não se usava o chicote é certo e até se dava um salário.Eram onze os filhos que tinha para alimentar.A minha presensa nesta a terra a esse facto a devo.Quando ele para aliviar os ajoujos, mandou uma filha para o brazil,e três para Angola.Tinha pois o estatuto de colono.O Estado portugês numa política de colonização do território,pagava as despezas de transporte de ida;e garantia o regresso exigindo uma caução àquela època de cem contos implícita numa carta de chamada, que para o efeito se tinha de juntar ao processo.Me perdoa pai!Porque o fizeste com boa intenção,pois que a ideia era livrar-nos da fome que grassava em Portugal.Para mim acho que no momento do embarque no cais conde de Óbidos,no extinto vapor Quanza,e quando junto ao portaló,pois era o ponto mais alto do navio,devia ter caído e partido as pernas,o que me impediria de ter embarcado para essa terra.Tinha apenas desassete anos quando fui lançado nas incertezas da vida.

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

A despedida

Como estava anunciado,Procedeu-se à rendição de alguns efectivos,com transferência de Unidade.Estàvamos a trinta de junho.Naquela tarde depois das três da tarde lá fomos nós;depois das despedidas,de conformidade; não vou deixar, de destacar as despedidas de uma pessoa que, mesmo com uma perna partida,fez questão em vir ao navio, despedir-se do cabo que tempos antes o encobrira,e fê-lo,com estas palavras?Nosso cabo fico-lhe em favor.Se precisar de alguma coisa em Luando não se prive de me contactar!E deu-me um cartão de visita.Não chegou há foz do rio.Este favor escondia em nèvoa uma traição que eu fizera ao meu amigo Vasconcelos.E como há um ano atràs lá embarcàmos de novo na Pacheco Pereira.Aquilo não era pròpriamente um cruzeiro de férias,e eu que gostava de viajar fosse em que condições fossem.Na proa para ver o que vinha à ré para ver o que ia.Era um resquissio que me vinha de creança.E foi assim que me despedi daquelas escarpas,daquelas picadas e dos perigos que escondiam.Do rio que tanto me impressionou,pela virilidade com que a natureza o dotou.Das congolezas com seus panos multicores,e caracteristícos os chamados Congos.E saudades de outros contacto de natureza mais carnal.A fragata já estava em movimento, e aproximàmo-nos da primeira curva do rio á esquerda; e que até há horas atràs formou a minha linha do horizonte visual,que durava já há dez meses.Disse efectivamente,adeus àquela terra para sempre.Era muito bonito aquele rio!A diversidade natural era arrebatadora.As canoas de pesca recatadas que estavam,da corrente,dedicavam-se à faina da pesca cujo espècime mais emblemàtico daquele rio era sem dúvida sua magestade o BAGRE.As dragas sempre a removerem o sedimento do fundo afim de o nanter sempre navegàvel.Os pinos luminosos formando como que uma autoestrada,por onde se devia navegar.Era dele que toda aquela parte de Africa dependia, no seu comércio com o exterior.Foi tambem por ali que Diogo Cão subiu creando feitorias comerciais em MCDLXXXII assinou diziam acordos de outorga com a rainha N"jinga e N"gola Kiloange,e foi tambem ai que tudo começou para o mal e para o bem.O estuàrio Com sua boca enorme,despejava no Atlantico toda a àgua que provinha do interior do Continente.Atlantico que nesse momento recebia, um esplendoroso Pôr do sol como só Africa pode oferecer,o sol já tinha iniciado a viagem a partir do trópico de Cancer e brevemente cairia a pique sobre o equador.No seu estretor,reflectia até nós raios côr de laranja,como que a espreguissar-se de mais um dia.No horizonte a noite crepuscular aproximava-se.navegàvamos para norte e não para sul como era previzível. A resposta,há dúvida não tardou.Quando fomos despejados para outro barco que nos aguardava no horisonte.A Fragata afastou-se ràpidamente para sul,até desaparecer do nosso campo visual.Continuàmos pois a navegar para norte;e o barco em questão era nem mais nem menos que,o vèlhinho 28 de maio.Este navio afundou-se anos depois nas costas da Namibia ao largo de;Walvis Bay.O veio da màquina em movimento causava uma vibração terrível era como se o navio se movimentasse arrastando-se no fundo.

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Maurice Ravel

Na eminência de possivel transferência de Unidade;dou comigo num estado "infantil" próximo da melancolia.O saudosismo é um estado típicamente português por isso adiante.Habituara-me a ouvir diàriamente a Radio Televisão Francesa na sua emissão para a Africa Equatorial na sua emissão via Radio Brazaville,cerca das sete e trinta.Começavam a emissão com um curso de francês,de trita minutos;e outros assuntos de caracter cultural.O pouco francês que sei foi com ela que aprendi.O curso se chamava; le petit pierrot, e começava assim ? il etait une fois.Não resisto a transcrever possivelmente com erros um poema a que davam grande valor.




Àh qu"ce qui j"enttendre

Serais ce quelque grillon

Qui chante

Sur tapi de la mousse

Oú la lière steril

Dont par pitiè

Se chausse aux bois

Ou seron les cloches

Sur la tour de l"èglise

Appelant aux gens

Pour le coucher du soleile

Eh bien serais ce quelqun

Qui pousse un soupire

Sur la fourche patibulaire

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

A Palestra

Patrulhas.jpg
Hoje após o jogo matinal,propiciou-se uma conversa com o comandante do destacamento.Versou-se ràpidamente os acontecimentos anteriores.Com o posto de capitão e homem de poucas falas,era como se andasse sempre em estado de mêdo crónico.A conversa era mais ou menos em meias linhas como se falar claro,fosse um sacrilégio.Mas tambem não era necessário pois as notícias chegavam-nos de bandeja e antecipadas.Fiquei tambem a saber que no mês que vem se ia proceder â primeira rendição de efectivos,de certo que estaria incluido.pois faria um ano de permanência na zona.Estàvamos em Maio de 1961 e eu tinha ido para ali em Setembro de 1960 .Francamente,grandes recordações iam caminhar comigo,para o resto da minha vida.Desde aqueles dois dias de castigo que apanhara por estar sempre na piscina a apreciar as nòrdicas;até àquele outro de dez dias de detenção, por ter sido encontrado qual gorila num galho de àrvore,às duas da madrugada em sono profundo: mas francamente; o cansaço das patrulhas constantes,era de tal ordem que aquele galho em forma de forquilha a,dois metros e meio do chão era de tal maneira apelativo que não resisti, mandei tudo às urtigas e fiz como os gorilas; caí num sono profundo.O caso daquele soldado apanhado a levar no seu! Como hei-ge dizer...cuzinho infringindo assim o artº 16 do RDM.Desapareceram dali assim que o comandante deles se pode livrar.O efeito era o mesmo que teria para presos numa prisão"Leiam o livro do Charrier PAPPILON"