Huambo à vista
Os primeiros quinhentos kilómetros estavam mitigados.Seria escabroso pensar em baixar os braços. Não cedesse o corpo,que a mente tambem o não faria estava certo!E ainda seria mais vergonhoso que,não renunciando o corpo a esta dura prova,a alma se lhe antecipasse,e renunciasse por si mesma.Estava pois aportando à cidade do Huambo "por saudosismo diria Nova Lisboa"como era conhecida ao tempo.O chauffer após cumprimentos de despedida e de agradecimento deixara-me no largo do hotel Àfrica. Este largo, ficava bem ao cimo daquela que seria talvez a única avenida da cidade.Fiquei momentâneamente para ali especado!Seriam cerca das nove da noite.Saí daquele torpor e comecei a descer a dita Avenida,de sul para norte como obstinado que estava,nesse facto.Do lado direito os predios sucediam-se uns aos outros.Do lado esquerdo uma àlea de àrvores frondosas acompahavam-nos,até onde a vista alcansava.A linha do combóio de Benguela que seguia a dita avenida em todo a sua extensão,acentava alcandorada em cima de um massiço de terra de três a quatro metros de altura,todo ele guarnecido de grama bem verdinha,e bem tratada,entre a linha e a àlea de àrvores um passeio pedonal,por onde as pessoas passeavam ao longo do picadeiro nas noites serenas e mornas de Àfrica.Quando o comboio circulava em manobra para cima e para baixo, a máquina estúpidamente limpa,negra,da côr do azeviche,com seus tubos de latão e cobre muito brilhantes qual nativa orgulhosa de seus adereços e bissangas,era assim a angola que eu conheci.Nestes pensamentos dou comigo,junto ao Ruacaná Cine,que eu tão bem conhecia.Logo na transversal, lá estava a Casa York; modas confecções para as madames da època. Em frente a muito familiar ,Ribatajana,Cervejaria e casa de Pasto, onde comera em tempos,em tempos idos, grandes bifanas com batatas fritas e ovos tudo a ferver na travessa de barro.Com este pensamento, a boca inundou-se-me de àgua como se de um rebentamento de qualquer barragem se tratasse.Tive que drenar o pensamento,para a realidade presente,e essa era precisamente o inverso,daquele.
Já não comia nada há muitas horas. Esta e outras viagens que fizera por Angola fora, ensinaram-me uma coisa? Quando tu deixas de comer por incapacidade em obter o alimento necessàrio,a coisa processa-se assim:As primeiras vinte e quatro horas,o desejo de comer é atròs, mantem-se violento por mais vinte e quatro,nas seguintes o efeito corrosivo vai-se atenuando lentamente até desaparecer. Começa então aí uma faze de abstinência forçada. É como se o corpo, desligasse o desejo de comer e começa, aí ele pròprio a consumir-se, dando origem a um emagrecimento forçado que te leva à inanição.Eis pois o motivo porque populações inteiras chegam a inanição total no Sael,Sudão, Etiòpia, Somàlia etc,etc.Cheguei ao local onde iria aguardar por um boleia para Luanda. Situava-se ele já na periferia da cidade do Huambo bem junto ao cine S.João.A estrada vermelhôna que dali rumava ao Bailundo,apresentava-se bem ao meu campo visual embrenhando-se por entre as bissapas até a perder de vista. Junto ao cinema havia um posto de combustível e foi precisamente lá que pedi ajuda.E foi-me concedida,conversei com o homem da bomba até caír, adormeci,em cima de uns sacos de milho, durante longas horas.Com fome, barba grande e irreconhecível.Felizmente os portuguêses,se mais não tiverem têm esta virtude? Quado fora da sua terra,entreajudam-se.Imfelizmente na sua terra que estranha conduta a deles! Aos contemporâneos e concidadãos dar o pequeno louvor, está quedo! Mas ligar o mais alto valor ao facto de serem louvados pelos porvindouros,que nunca viram nem verão jamais,é como se se agastassem pelo facto de que, os que os antecederam lhes não cicundarão de louvaminhas.M.A.
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