drakemberg

A visão longinqua daquela muralha, que corre de norte para sul ao longo da Africa austral,e à  qual nunca cheguei.ficou-me a recordação.assemelha-se,À  escarpa da chela,Angola,que tem a seus pés o deserto da namibia, que contempla, há¡ milhões de anos numa estenção de cerca de 150 kilometros.

domingo, fevereiro 15, 2009

1975 o ano do meu descalabro

O ano de mil novecentos e setenta e cinco começara. A sensação que eu tinha era que ia ser o ano de todas as decisões. Não me via a ter de abandonar a terra que, há vinte e três anos me acolhia e onde sempre vivera em harmonia com os naturais. Fizera lá vários amigos, e conhecidos tambem. O Gabriel que trabalhava comigo na Casa Americana. O guitarrista do grupo musical estrela Canora. O velho Mateus o prazer que ele tinha em dar-me kikuanga que eu comia na presensa dele, trazida de propósito de casa para mim. O António Ernesto Pedro, o Batista João,o Antunes, o Pedro Panzo. Eram meus conhecidos o Senhor Lopo do Nascimento, e O Prado Paím. Este vou descrevê-lo mais á frente pois fiquei a dever-lhe a vida. Era meu conhecido tambem quando jovem o Senhor Eduardo Nascimento, há época era tal como eu um jovem e o vocalista dos blackstar, da musica que eles tocavam era eu um fã inco0ndicional. Não levou muito tempo que os jornais de Angola, a Provincia de Angola e o Diário de Luanda, publicassem a notícia duma conferência, que, se ia realizar no Algarve Portugal, e na localidade Alvor. Era a mesma conferência de alto nivel, pois estariam presentes; os altos dignatários e representantes de todo o povo de Angola. Não iam discutir e aceitar de ânimo leve aquilo que lhe impusessem, mas sim exigirem aquilo que eles reivindicavam havia já muito. Não sei especificar desde quando! Mas sei que quando cheguei a Angola em mil novecentos e cincoenta e dois e logo que me adaptei aos usos e costumes comecei como eles a interessar-me com assunto da mesma envolvência. Assim como meu pai corria para o rádio de ondas curtas e nos arrastava com ele para ouvir a rádio Moscovo ou rádio Checoslóvaquia, tambem eu corria ás sete e trinta minutos para dito mas agora para ouvir rádio Brazaville. Esta ao contrário daquelas tinha o condão de, depois das notícias dar um curso de françês, curso esse que me prendeu a atenção durante muito tempo. Quase aprendi françês! O curso se chamava; (il etait une fois). Era nesses noticiários que eu sabia tudo sobre a luta deles. E mais tarde tudo o que se passava em Angola. O partido que mais se engajou nessa luta, foi o MPLA. Diziam que havia outra emissão, tambem em português esta a partir de Leopoldeville agora Kinchasa, mas a mim por acaso, nunca me despertou interesse e por isso nunca a sintonozei. Esta conferência, no tempo, se realizou em meados de janeiro desse ano.Os acordos foram assinados. Neles, ficou decidido que Angola atingiria a sua independência, nesse ano, e no mês de Novembro, onze era o dia. Os partidos logo começaram a chegar a Luanda, e a instalarem-se nas sedes, Luanda viu-se inundada de soldados das várias formações políticas em confronto. Estava em funções o Governo de Transição. Cada movimento, nomearia no período da sua vigência, um primeiro-ministro na rotatividade acordada. Por Portugal, fora nomeado um Alto-comissário. Com este acordo assinado, começaram a chegar centenas de soldados dos vários movimentos a Luanda a maioria nem lá teriam nascido. A prezensa dos portugueses começou a tornar-se como que impessoal. Por esta altura, já muitos portugueses fugiam daquilo que, parecia ser já, inevitável. A situação em Luanda começou a ficar complicada; muito complicada mesmo! Comecei a perceber que, se me acontecesse qualquer coisa a mim, ou a alguém da minha família, já a ninguém, ou a nenhuma entidade poderia recorrer, passei a sentir-me estranho, numa terra em que há tantos anos vivia e onde deixara já a minha juventude. Neste período de tempo habituei-me a viver com a charlatanice e a mentira. Aquele general português que não outro senão um tal Costa Gomes,foi a Angola e que, solenemente tentou apaziguar os portugueses, e lhes disse aquilo que moralmente não devia ter dito, prometendo-lhe aquilo que sabia ser incumprível, mentindo-lhes grosseiramente. Com o correr do tempo em direcção á independência, todos os portugueses que, lá iam ficando tiveram que fazer uma espécie de curso intensíssimo de aprendizagem em distinguir instantaneamente, quando, nos locais em que eles faziam o controlo de pessoas e viaturas, em reconhecer de imediato se; devia tratar o dito soldado por camarada, ou irmão, um erro, poderia ser fatal! E foi-o em muitos casos. Mas eu, sabia distinguir esse pormenor com muita precisão e facilidade. Embora eu gostasse muito da terra, e até me estivesse a adaptar razoavelmente bem a estas novas circunstâncias: uma coisa, e só uma, me toldava o espírito e me punha fortemente abalado, eram os filhos e a mãe deles! Muitas vezes de noite a altas horas da madrugada, pelo barulho que faziam, vinha dar com eles de janela do quarto aberta, apreciando e comentando um com o outro, o percurso das balas tracejantes e as suas cores, muitas vezes o seu espectro tracejante corria no sentido da casa. Por isso o perigo de bala perdida era óbvio e punha-lhe as vidas em perigo. Eu sabia disso e repreendia-os. Aqueles tracejados eram o sinal evidente que para os europeus a hecatombe estava em marcha. Sempre que o pensamento, se tentava aí fixar logo fazia tudo para o desviar. Havia sinais evidentes que o curso que o processo tomava lhes não era de facto favorável. Esta visão dos factos, mais se crstalizou quando no princípio de mil novecentos e setenta e cinco, num assalto á delegação da Facção do Leste de Daniel Chipenda a mesma foi pulverizada pelo MPLA desaparecendo do mapa das forças políticas em Angola, pondo o homem em fuga para o Congo Kinchasa nunca mais se falando dele em Angola pelo menos enquanto lá estive. Ficaram como espólio dezenas de mortos, ficava esta delegação no bairro junto á avenida do Brasil muito próximo da rua Senado da Câmara mesmo junto a cidadela de Luanda. A partir desta data, começou entre eles uma luta encarniçada, para dominar Luanda. Como após a implantação do governo de transição, todos os três movimentos de libertação, tiveram suporte legal para montar as suas delegações na capital. Foi também com esse implantação que, começaram a surgir constantemente os atritos entre eles que, só eram resolvidos a tiro, mas mesmo assim, como nem a tiro eram resolvido, os tiroteios entre eles eram constantes. Vi-me entre o fogo deles algumas vezes. Sempre que tinha de percorrer o percurso entre: a Alameda Dom.João II e toda a Avenida Francisco Newton até ao bairro Cuca onde residia,eu e minha família a nossa vida corria sempre perigo o tiroteio era dum lado da faixa de rodagem, para o outro lado da dita o que, pressupunha balas em constante movimento a atravessar a dita faixa, foi uma sorte ter escapado pelo meio deste labirinto ileso. Muitas vezes inopinadamente corriam boatos qual rastilho incendiado, todos eles despertavam de imediato reflexos de fuga desordenada. Os boatos continham a mensagem de que toda agente se arrepiava só de ouvir falar, Eles estão a subir as barrocas e vem para o bairro. Durante um determinado tempo foram de facto boatos, era como se testassem a reacção dos colonos: agora já lhes posso atribuir esta designação porque eram o que sempre foram na realidade. Por esta altura estavam chegando a Angola soldados cubanos, para ajudarem o MPLA que estava em ascensão rápida rumo ao domínio da capital que seria vital para a força dominante no dia onze de Novembro. Imensas armas sofisticadas os acompanhavam. Refiro-me há principal por ser a mais comentada no meio do pessoal africano que, comigo trabalhavam na cervejeira Nocal, a dita arma tinha o pomposo nome, talvez baptizada por eles de:”Monocaxito”, e que não era mais que os célebres,”Orgãos de Estalin. Os comícios estavam ao rubro. Mas como que numa clivagem, os europeus já os evitavam. Era como se já tivessem interiorizado, por aquilo que viam e assistiam, que aquela luta já não era a deles. As ameaças de evasão do bairro que se foram malogrando,tornaram-se enfim reais e o bairro da Cuca foi no dia seis de Junho de mil novecentos e setenta e cinco evacuado dos portugueses. Na sua fuga desordenada,instintivamente concentraram-se junto ao Mónaco, centenas por ali deambularam durante todo o dia. Tinha começado a funcionar uma ponte aérea dias antes, conversei com a mulher e chegámos há conclusão tendo em vista a protecção dela e dos dois filhos menores que seria a melhor solução já que nos tempos maia próximos outra se não vislumbrava. Acorremos a uma secção de desembaraço, e ficou ali logo resolvido o problema e sem burocracias, embarcou naquele mesmo dia rumo a Portugal. O voo, foi o sétimo da ponte aérea, número sagrado desde a antiguidade, e que simboliza as sete frases proferidas por Cristo pregado na cruz antes de exalar o ultimo suspiro. Tinha para já resolvido este problema! Mas tinha ficado com outro? Onde iria dormir se o bairro onde residira, estava ocupado desde este dia e em definitivo por eles.Já de noite voltei ao Mónaco, em boa hora o fiz, pois encontrei lá o Moreira. O Moreira era um alto funcionário dos serviços de água e luz, que eu conhecia de quando lá fui também funcionário, tinha enviado também para Portugal a D.Fernanda sua mulher, ficando por isso sózinho num apartamento no 2º andar de um prédio dos Serviços existente na rua coronel Artur de Paiva ao cruzamento com a Brito Godins. Depois de dar nele alojamento ao meu cunhado Pinto e minha quarta irmã,o Pinto da LAL como era por lá conhecido,convidou-me também a mim o que aceitei de imediato. Resolvendo para já o meu problema de alojamento. Os mantimentos já escasseavam! Para me dirigir para o trabalho na empresa NOCAL tínhamos combinado os que, comigo trabalhavam no turno, esperarmos na alameda D.João II ali, tomávamos o 124 Fiat logo que entrávamos soava o grito; embora, eram cerca de cinco quilómetros, o chaufer baixava-se espreitando apenas pela parte de baixo do pára-brisas e nós, completamente ocultos e prego a fundo. Era assim durante os cinco quilómetros qual carro fantasma. Isto acontecia porque o bairro da Cuca já estava liberto de europeus. Eu mesmo ali morara na rua Curral das Freiras até há dias atrás. Desde os acordos do Alvor, que lá na fábrica tínhamos ganho um estatuto especial. Tínhamos sido chamados ao director da empresa. E a pergunta, a que tínhamos de responder, era se pensávamos ficar em Angola depois da independência. Claro que a minha resposta foi sim. Tínhamos algumas vantagens, pois permitiam que puséssemos em Portugal setenta por cento do vencimento, no meu caso dava cerca de onze mil escudos, em mil novecentos e setenta e cinco era muito bom. Sobre segurança, o director foi lacónico que, seria a mesma que para ele que a única coisa que nos podia dizer era que, as delegações do MPLA do Marçal, Sambizanga, e Rangel estavam devidamente informadas da passagem pela Francisco Newton de pessoal fabril europeu alinhado. Às horas determinadas assim sucedia. O pior, era os outros dois movimentos FNLA e UNITA, e então era normal as balas zunirem dum lado para o outro da dita Avenida, é certo que isto já acontecia desde à meses, o que prova que o ser humano é um ser adaptável, e que é mais convergente e adaptável a qualquer merda. E esta situação, apesar de trágica para muitos, estava insidiosamente a tornar-se rotineira pela bruma que a envolvia. Foi naquele meados de mil novecentos e setenta e cinco que de repente se fez luz em definitivo, deveu-se este facto a um comício realizado em Catete pelo MPLA. Aqui, terei que fazer uma ressalva: por aquilo que conheci Os trabalhadores dos campos algodoeiros de Catete e baixa do Cassange cuja actividade roçava a escravidão. Justificou o entusiasmo com que ouviram da boca do presidente as novas. Para eles, o Neto era o novo Messias. Para os portugueses que ainda lá bem no fundo da alma ainda acalentavam uma réstia de fé tudo se desvaneceu e desmoronou em definitivo. Por uma simples frase do Líder se definiu tudo. Pôs ele uma questão á turba! E os brancos que lhes havemos de fazer? Resposta pronta da turba, deitam-se ao mar. Todo este diálogo foi feito em quimbundo, dialecto falado em toda aquela zona. Estes comícios, eram facilmente traduzíveis pelos inúmeros portugueses que conheciam os dialectos de Angola. O Sabimbe também tinha essa mania comícios com brancos dizia uma coisa na zona deles dizia outra. Efeito prático deste feito! No dia seguinte depois do pôr do sol começou a ouvir-se; pela coronel Artur de Paiva abaixo e a princípio insipidamente o bater de martelos,a pregar pregos era, como se furtivamente quisessem embalar as suas bicuatas, como se temessem já não ter tempo de o fazer. Era de facto uma corrida contra o tempo! As pancadas dos martelos de princípio insípidas, começaram nos tempos que se seguiram num crescendo, como nas partituras das grandes obras musicais, andante andantino, rápido rapidíssimo, dias depois era quem mais martelava, e como uma epidemia contagiou toda a população. A debandada estava começando.Os pregos não levou muito tempo se esgotaram. E milhares de pessoas estavam deixando,apartamentos abandonados de portas abertas e totalmente mobilados. Foi por esta altura que comecei também a interiorizar o problema em mim mesmo. Estávamos agora em princípio de Agosto, minha mulher já tinha abalado há dois meses. Minha quarta irmã seguiu-lhe agora o exemplo e abalou também com os dois filhos mais novos. O Pinto, agora só, começou a convidar-me para ir á Terra Nova resgatar bens. Duas vezes aderi e por duas vezes me ia metendo em problemas. Hoje acompanhei-o á rua das Beiras nº72 na Terra Nova.Subimos a estrada de Catete até ao chamado bairro indígena,olhando para os eucaliptos que o ladeavam,vi muitos M"PLAS rastejando com tiros de metralhadora á mistura, uns jovens que estavam sentados num muro á beira da estrada,interpelaram-nos; é brancos não vão por aí,está muito quente, avançámos; mas mal chegamos á zona habitacional do bairro, logo uma patrulha fortemente armada nos mandou parar em tom ameaçador. Apercebi-me de imediato que a força em presença era do MPLA,e apressei-me a levantar o indicador e o médio da mão direita este era o sinal que usavam para simbolizarem que a vitória era certa isto nos fundiu ideologicamente com eles. Mesmo assim uns militantes diziam camarada prende eles são reaccionários. O Pinto foi fazendo o mesmo e ainda teve um trunfo, o comandante da patrulha era colega dele nos SMAE então sr Pinto isto por aqui está mau. Recomendou que não demorássemos muito tempo e deixou-nos passar. Andámos depressa no FIAT 124, chegamos rapidamente ao 72 da rua das beiras abrimos o portão e entramos,os tiros por ali eram mais que muitos, por precaução fui de imediato ás traseiras da casa e encostei a escada de encontro ao muro, em caso de emergência pôr-nos-íamos na manutenção militar em escassos minutos pois a casa distava dela cerca de 500 metros. Demos inicio á operação de resgate de bens. A mim o Pinto sugeriu-me levar o fogão, pois precisava dele, neste entretanto ele ia levando os artigos de higiene pessoal e roupas.Quando avancei para o exterior para levar o dito para o carro, verifiquei que o cenário se tinha alterado. A casa tinha um quintal com cerca de quinze metros de comprimento, por cerca de doze de largura dava-lhe acesso um portão de duas abas com cerca de três metros,era aí que o cenário se tinha alterado pois apoiados no tubo desse portão, encontravam-se agora sete negros,bem constituídos naquela época já era costume utilizarem o termo de sabotagem económica era segundo a psicologia deles aquilo que já devíamos estar fazendo, cá para mim disse ai,ai,ai, o Pinto como dono da propriedade deu-se á fala, mas eles se anteciparam! Então camarada vai embora não quer alugar a casa, o Pinto meio titubeante respondeu a casa já está alugada a um camarada vosso que trabalha nos SMAE anuíram concordando eu que me aproximei também dei origem a risos pois o fogão que na altura da fuga assava um esplêndido exemplar de pargo com batatas mas que agora totalmente coberto de miasmas que o consumiam se tinham entretanto espalhado pela minha roupa cena patética. Antes de saír dali ainda tive tempo de esconder uma pistola Walter de nove milímetros no barrote da casa do lado da manutenção, saímos dali rumo á manutenção militar chamaram-nos doidos e dali só saímos escoltados por chaimites e muitos outros carros de retardatários em fuga. Aquela casa que eu conhecia bem para ali ficou á espera do primeiro que a resgatasse como sua,estava totalmente mobilada. Este episódio foi mais um dos muitos para esquecer. Da minha parte, deixei ali assente ao Pinto que,ali não voltaria mais, e de facto nunca mais lá pus os pés. Voltámos para a casa dos SMAE na Artur de Paiva.Tanto ao Pinto como a mim ainda estava reservada a última cena da peça. O Pinto, foi uma semana ou duas depois de se desembaraçar daquele último episódio,e já altas horas da noite estava sendo contactado em casa pelo camarada Xavier. Eu conhecia-o bem, pois também trabalhei nos SMAE com eles o Xavier era desenhador e o Pinto encarregado da zona norte de Luanda da rede de água. Era sob este parâmetro que, o Xavier ia solicitar a colaboração do Pinto. Era o Pinto profundo conhecedor de todas as válvulas de segurança da rede. O Xavier era um alto quadro do MPLA e naquela altura estava em marcha a expulsão definitiva da FNLA de Luanda, mas havia um senão... o ultimo efectivo ainda numeroso de homens, tinha-se refugiado dentro da Fortaleza de S.Julião da Barra, depois de muitos dias de combates e bombardeamentos, daqui não saio, daqui ninguém me tira, esqueceram-se todavia que, o camarada Xavier era um homem muito esperto e acima de tudo muito inteligente, pois neste imbróglio que lhes estava montado a missão do Pinto era tão só fechar a válvula de água que abastecia o local. Andou naquilo até altas horas da madrugada e isto sob intenso tiroteio. Trouxeram-no a casa de madrugada depois do serviço executado. Quando á noite depois de chegar da Nocal local onde trabalhava, falei para ele! O Pinto não me respondeu votei á carga a mesma coisa o homem tinha os olhos posto num ponto algures no espaço e não discernia mais nada a não ser isso o que quer que fosse. O homem estava naquilo que normalmente se chama em transe mas porquê? vinte e quatro horas depois começou a balbuciar uns monólogos, tenho que me ir embora, e repetia isto vezes sem conta. Meteu-se lhe na cabeça que o Xavier o andava a espiar. Quarenta e oito horas depois estava a embarcar para Portugal nunca mais voltando a pisar solo de Angola, terra onde nascera. Praticamente ainda não tinha chegado a Portugal, e já os pretos do FNLA estavam abandonando a fortaleza com bandeiras brancas resultando o facto do Pinto ter cortado a água que abastecia a fortaleza e como sabes naquele clima a falta de água é mortal. Renderam-se todos! Parece-me no entanto que, o futuro exercito de Angola os absorveu todos. O terror que o Pinto sentia depois da operação, deve-se ao facto de o Xavier ser um alto quadro que exercia já o alto cargo de comandante da DIZA polícia secreta. Por isso os medos do Pinto embora pudessem ser imaginários, tinham à época uma forte razão de ser reais.