drakemberg

A visão longinqua daquela muralha, que corre de norte para sul ao longo da Africa austral,e à  qual nunca cheguei.ficou-me a recordação.assemelha-se,À  escarpa da chela,Angola,que tem a seus pés o deserto da namibia, que contempla, há¡ milhões de anos numa estenção de cerca de 150 kilometros.

quarta-feira, julho 15, 2009

Ao Pinto ainda lhe estava esta reservada

Tanto ao Pinto como a mim ainda estava reservada a última cena da peça. O Pinto, foi uma semana ou duas depois de se desembaraçar daquele último episódio,e já altas horas da noite estava sendo contactado em casa pelo camarada Xavier. Eu conhecia-o bem, pois também trabalhei nos SMAE com eles o Xavier era desenhador e o Pinto encarregado da zona norte de Luanda da rede de água. Era sob este parâmetro que, o Xavier ia solicitar a colaboração do Pinto. Era o Pinto profundo conhecedor de todas as válvulas de segurança da rede. O Xavier era um alto quadro do MPLA e naquela altura estava em marcha a expulsão definitiva da FNLA de Luanda, mas havia um senão... o ultimo efectivo ainda numeroso de homens, tinha-se refugiado dentro da Fortaleza de S.Julião da Barra, depois de muitos dias de combates e bombardeamentos, daqui não saio, daqui ninguém me tira, esqueceram-se todavia que, o camarada Xavier era um homem muito esperto e acima de tudo muito inteligente, pois neste imbróglio que lhes estava montado a missão do Pinto era tão só fechar a válvula de água que abastecia o local. Andou naquilo até altas horas da madrugada e isto sob intenso tiroteio. Trouxeram-no a casa de madrugada depois do serviço executado. Quando á noite depois de chegar da Nocal local onde trabalhava, falei para ele! O Pinto não me respondeu votei á carga a mesma coisa o homem tinha os olhos posto num ponto algures no espaço e não discernia mais nada a não ser isso o que quer que fosse. O homem estava naquilo que normalmente se chama em transe mas porquê? vinte e quatro horas depois começou a balbuciar uns monólogos, tenho que me ir embora,dizia ele, e repetia isto vezes sem conta. Meteu-se-lhe na cabeça que o Xavier o andava a espiar. Quarenta e oito horas depois estava a embarcar para Portugal nunca mais voltando a pisar solo de Angola, terra onde nascera. Praticamente ainda não tinha chegado a Portugal, e já os pretos do FNLA estavam abandonando a fortaleza com bandeiras brancas resultando o facto do Pinto ter cortado a água que abastecia a fortaleza e como sabes naquele clima a falta de água é mortal. Renderam-se todos! Parece-me no entanto que, o futuro exercito de Angola os absorveu todos. O terror que o Pinto sentia depois da operação, deve-se ao facto de o Xavier ser um alto quadro que exercia já o alto cargo de comandante da DIZA polícia secreta. Por isso os medos do Pinto embora pudessem ser imaginários, tinham à época uma forte razão de ser reais. Foi pena! Pois este serviço prestado ao MPLA e para mais naquela altura em que estava em marcha a supremacia como força política dominante e única, pelo que na outorga da administração do território por parte de Portugal era evidente que o poder seria entregue ao movimento dominante e o MPLA era-o efectivamente. Era a altura em que o Pinto poderia colher os louros, Não já nos moldes anteriores, mas mesmo assim louros.